Vida de República no Youtube

Para assistir os episódios de Vida de República + O Programa do Professor

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Aline Jones, Adelaide Castro, Thiago Prade, Heron Sena, Cristiano Kunitake, a voz de Kiko Ferraz e Mirna Spritzer.

Direção de Janaína Fischer e Márcio Schoenardie.

Realização da Casa De Cinema de Porto Alegre.

Tá bacana.

Teatro dá choque!

O que parecia já dado como sabido e decorado, precisa mais uma vez ser afirmado.

Em seu lindo movimento pela recuperação do espaço físico da Escola de Teatro da UFRGS, O Departamento de Arte Dramática, em especial as Salas Alziro Azevedo e Qorpo Santo, os estudantes de teatro se vêem confrontados com,” pra quê mesmo uma faculdade de teatro?” Ou, “Teatro não é tão necessário como Medicina, na Universidade”.

Pois frente à indiferença das autoridades universitárias em relação aos espaços decaídos, desconjuntados e entristecidos, essa gente se pôs na rua a dizer que não, que não será assim, que não bastará mais um ofício, circular ou memorando para que o teatro aconteça. Ou não aconteça.

Na semana que passou, acompanhei uma parte deste movimento numa performance chamada “lá vem o Chaves”, inspirada no personagem do seriado e que consistia em encostar no prédio do DAD e tomar um choque. Choque esse que seria transmitido a Cada um que se aproximasse.

E assim foi. Uma fila de gente tendo choque no meio da rua. E depois, caída no meio da calçada, exaurida.

Foto de Marina Lovato

Depois pensando nisso, entendi tudo. Teatro dá choque! Dá choque no mormaço, na mesmice, no apaziguamento. Teatro dá choque na gente, que faz em cima do palco e naqueles que fazem ao assistir.

Por quê? Porque o choque é ali na hora, não tem como fugir dele. É quando todo mundo respira junto, quando a gente sente as batidas do coração e as transforma em ação cênica. Quando dá vontade de rir ou de chorar mesmo sabendo que é tudo de mentira na outra vida, essa nossa de todos os dias, mas ali, entre aquelas pessoas, entre aqueles espaços é tudo de verdade.

Olha o Peter Brook: No teatro, toda a convicção ou encontra-se no presente, ou então não está em lugar algum. Por algumas horas é possível ir muito longe; podem acontecer experiências sociais que são muito mais radicais do que qualquer uma que um chefe de estado possa propor. Experiências utópicas que nunca veremos durante nossas vidas podem tornar-se reais dentro do breve espaço de tempo de um espetáculo; e submundos dos quais ninguém retornaria podem ser visitados com segurança. Junto com o público, podemos criar modelos temporários que nos relembrem as possibilidades que constantemente ignoramos. Um espetáculo pode transformar as palavras sobre uma vida melhor em uma experiência direta.

Há lugar mais adequado para o teatro do que a vida?

Há lugar mais adequado para o teatro do que uma universidade?

É ou não é um choque?

A Voz da Roupa, um convite ao personagem.

Na Galeria dos Arcos, no Centro Cultural Usina do Gasômetro, em Porto Alegre.

A voz da roupa.

Uma exposição em que pessoas foram fotografadas com seu traje de trabalho e a seguir, cada fotógrafo fotografou-as em outra circunstância a partir de trajes imaginados. O que vemos ali?

Bem, cada um vê o que imagina, é certo. Eu vislumbrei nas transformações, a semente de personagens. Como num jogo de espelhos o que aparece nas fotos é o que cada modelo traz em si e repercute na roupa. E a roupa, projeta um novo olhar, uma nova forma de estar no mundo.

O passo seguinte seria dar vida a estes personagens que habitavam aqueles corpos. Fazê-los transitar, falar, olhar. Que belo exercício para atores.

Ser testemunha da transformação é sempre uma experiência vital.

Depois do filme, Oxigênio!

Dois espetáculos no caleidoscópico Palco Giratório, em Porto Alegre, me encantaram. Deixaram-me alerta.  Ambos, de bom texto, de boa fala, de boa voz, daquela difícil linha maravilhosa que inclui a palavra na ação. Ou, que prevê a escuta do outro. Ou, onde não há separação entre o que se diz e o que se faz. Presença inteira!

Ulisses, na primeira, faz sua odisseia pelo Rio de Janeiro, escapa do canto das sereias para manter-se na escuta de si mesmo. O que na maior parte das vezes é perigoso. Sasha, ele e Sasha, ela, na segunda, percorrem os dez passos das leis morais para concluir que o mundo é mesmo um redemoinho. Ulisses e Sashas somos nós percorrendo os descaminhos da existência. Perguntando em voz alta, olhando em volta para saber quem vem conosco e quem fica.

Aderbal Ulisses , Patrícia e Rodrigo, Sashas, constroem no presente do entre palco e plateia, aquela arte supimpa que é a arte do ator.

Nos dois espetáculos uma sensação, uma vontade de ter estado em cena.

 

 

Depois do Filme – texto, direção e atuação de Aderbal Freire Filho

Oxigênio – Texto de Ivan Viripaev, direção de Marcio Abreu, com a Cia. Brasileira de Teatro

Roda mundo, roda gigante, roda moinho…

Pois ali estavam eles.

Odin.

E a lua. A lua brechtiana que a tudo assiste.

Lua de Bilbao, de Benares, do Alabama, de Hiroshima e Bagdá.

E falando de guerras, de exílios e separações.

Eles mesmos unidos, cantando aos urros.

Eles mesmos envelhecendo juntos, escutando o mundo.

Talvez aquele não fosse o espetáculo esperado pela maioria de nós.

Talvez aquele sarau de tantas línguas não fosse a demonstração exata do treinamento que lemos tantas vezes.

Mas, ali estávamos, testemunhas da presença de Barba na plateia, Iben, Julia e Roberta no palco.

E cantando Brecht?

Cantando as “minhas” canções brechtianas?

Há que estar ali,

For if we don’t find…

I’ll tell you must die.

A louca esperança de Lemetre.

Faz algum tempo, agora. Foi depois da passagem da nave da louca esperança por aqui.

E o curso da louca esperança começou.

Lemétre nos contaminou com ritmo, respiração, paixão, alegria.

A mim, lembrou que disciplina e prazer convivem em harmonia.

Que escuta é uma arte do corpo.

Que a arte é de corpo inteiro.

Lembrei agora.

Talvez porque o dia está luminoso, porque a noite será luminosa.

Ou, porque vi a foto.

Porque me preparo.

Ou, porque sim.

Sopros

Ontem assisti ao show Almanaque Popular, com Luizinho Santos e Octeto*.

Primeiro, como é bom ir ao Goethe, em Porto Alegre, A chegada é acolhedora, o Bar do Fernando com acepipes castelhanos, boa música e boa cerveja. O espaço bacana. Tudo isso aliado a minha cumplicidade com este lugar onde estive muitas vezes com nossos espetáculos brechtianos. Uma mistura de saudade e alegria.

O show, muito bom. Dos oito, piano, baixo e bateria e muitos sopros. Para mim, uma equação estranha e encantadora. Trombone, trompete, sax de vários tons, flauta e o sedutor clarinete.

O instrumento de sopro revela o ar, cria a expressão no rosto, mostra a voz. Lembrei do Niemeyer, a vida é um sopro.

Bacana, mesmo. E o Boina Galli que me levou.

*Luizinho Santos (direção musical/saxofones e Flautas),César Audi (bateria), Bethy Krieger (piano) e Lucas Esvael (baixo), J. C. Charão (trombone),  Alex Anjinho (trompete), Gustavo Müller (sax barítono e tenor) e Marcelo Bruno (clarinete).